Por Larissa Barros
Há 28 anos, a Universidade de Brasília (UnB) realiza um um projeto de extensão que ajuda pessoas idosas a manter o equilíbrio e evitar quedas. Criado pela Faculdade de Educação Física (FEF), o programa oferece atividades físicas que estimulam força, coordenação, resistência e sentidos como visão, audição e tato. O objetivo é trabalhar corpo e mente, promovendo saúde, autonomia e mais segurança no dia a dia. As aulas acontecem às segundas-feiras e quartas-feiras de 9 às 10hs no Centro Olímpico da UnB.
Para a gerontóloga e fisioterapeuta Rose Chaves, fundadora da U!WAKE, projetos com foco em equilíbrio e prevenção de quedas são fundamentais porque atuam diretamente na qualidade de vida da pessoa idosa. “As quedas são uma das principais causas de fraturas, internações e perda de independência nessa faixa etária. Quando promovemos o fortalecimento muscular, a coordenação e a consciência corporal, estamos ajudando o idoso a manter sua autonomia, confiança e segurança nas atividades diárias”, explica.
De acordo com Marisete Peralta, coordenadora do projeto, podem participar pessoas a partir dos 60 anos, com ou sem experiência anterior com exercícios físicos, desde que tenham liberação médica. Ela destaca, no entanto, que o programa não atende idosos com demências, devido à ausência de equipe especializada para esse tipo de atendimento.
As aulas são cuidadosamente planejadas para atender diferentes condições físicas e de saúde. “As pessoas idosas responderam um formulário sobre condições de saúde e os exercícios são adaptados de acordo com cada dificuldade apresentada”, conta Marisete.
Dessa forma, o programa garante a acessibilidade e segurança dos participantes, respeitando os limites de cada um.
Clóvis de Oliveira, de 80 anos, é um dos participantes e relata com entusiasmo os efeitos positivos do programa em sua rotina. “Nunca vi nada tão fantástico na vida. Quando passo a prestar atenção em como estou andando, percebo a diferença. Já consigo subir e descer escadas sem segurar no corrimão. Isso mostra o quanto estou melhorando. Esse trabalho é maravilhoso”, afirma.
A fisioterapeuta reforça que os benefícios vão além do equilíbrio. “A prática regular de atividade física melhora o tônus muscular, a flexibilidade, o equilíbrio e a coordenação. Além disso, contribui para o controle de doenças crônicas, melhora o humor, a autoestima e reduz o medo de cair, que por si só já é um fator de risco”, afirma. Segundo ela, com o corpo mais preparado, o idoso tem mais autonomia e segurança para realizar suas tarefas cotidianas.
Além dos ganhos físicos e funcionais, o impacto social também é evidente. Marisete ressalta que atividades em grupo fortalecem o vínculo entre os idosos. “As pessoas conhecem outras pessoas da mesma idade, que têm os mesmos interesses e acabam construindo laços de amizade. Isso também impacta positivamente na família, pois os familiares percebem o quanto seus idosos estão mais saudáveis e alegres”, observa.
Rose destaca ainda os reflexos de iniciativas como essa na saúde pública. “Projetos como esse geram um impacto direto e positivo na saúde pública. Eles contribuem significativamente para a redução de custos com internações, cirurgias e processos de reabilitação decorrentes de quedas e outras complicações evitáveis”.
“O maior benefício vai além da economia: trata-se do ganho real em autonomia, dignidade e
qualidade de vida. Quando a pessoa idosa consegue se manter ativa, independente e socialmente inserida, há reflexos diretos não apenas na saúde física, mas também no bem-estar emocional e na conexão com a comunidade. É uma abordagem inteligente, preventiva e profundamente humanizada de cuidar, tanto do indivíduo quanto do coletivo”, conclui.