Alto índice de sobrepeso aumenta as chances de doenças crônicas e outras complicações; políticas públicas de prevenção do GDF envolvem integração de áreas como Saúde, Educação e Esporte
O mundo alcançou a marca de 1 bilhão de pessoas obesas. Quem deu o alerta foi a Organização Mundial da Saúde (OMS) no dia 1º deste mês, quando apontou que uma em cada oito pessoas do planeta, o equivalente a 12,5% de uma população estimada em 8 bilhões de indivíduos, está muito acima do peso. A pesquisa, considerada uma das mais completas sobre o tema, entrevistou 220 milhões de pessoas em 190 países e deixou médicos e governantes em estado de tensão.
Levantamento feito pelo Ministério da Saúde aponta que 22% da população da capital se autodeclara obesa, percentual que representa um em cada cinco habitantes. O número coloca a obesidade entre as doenças crônicas mais prevalentes em toda a população do chamado “quadradinho”, um motivo de atenção para o Governo do Distrito Federal (GDF).
Parâmetros
Mas, afinal, quando uma pessoa passa a ser considerada obesa? “Quando o índice de massa corporal está acima de 30”, responde a endocrinologista Flávia Franca Melo, referência técnica distrital (RTD) na especialidade. A medida internacional é calculada dividindo-se o peso pelo quadrado da altura. Uma pessoa que mede 1,70 metro, por exemplo, é considerada obesa quando o ponteiro da balança ultrapassa os 86,7 kg.
Existem três graus de obesidade, que variam de acordo com o índice de massa corporal (IMC) do indivíduo:
-> Obesidade 1 – IMC de 30 a 34,9;
-> Obesidade 2 – IMC de 35 a 39,5;
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-> Obesidade 3 – IMC de 40 para cima.
“Quanto maior o grau de obesidade, maior a chance de aparecimento de outras complicações”, alerta Flávia. “Problemas articulares; resistência à ação da insulina, podendo levar à diabetes; pressão alta; problemas cardiovasculares… tudo isso está relacionado à obesidade. E pelo menos 50% dos casos de câncer de endométrio também. É uma doença que prejudica o funcionamento do organismo como um todo.”
Tratamentos
Todas as sete regiões abarcadas pela rede pública de saúde do Distrito Federal contam com endocrinologistas, que recebem pacientes mediante encaminhamento dos médicos da família. “Por enquanto, os cuidados são baseados principalmente em mudanças de estilo de vida”, afirma Flávia. “Mas já aprovamos o uso no SUS [Sistema Único de Saúde] de uma substância chamada liraglutida, que tem se mostrado eficaz no tratamento contra a obesidade”.
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O medicamento será usado em obesos que tenham diabetes tipo 2 associada a problemas cardiovasculares e também em adolescentes entre 12 e 18 anos. “No momento, a licitação para a compra da substância está em andamento. Em breve, teremos mais essa opção de tratamento”, garante a médica.
Após dois anos de acompanhamento multiprofissional, o paciente pode ser encaminhado para a cirurgia bariátrica, caso se enquadre nos graus 2 ou 3 de obesidade e não tenha obtido resultados positivos
Além do acompanhamento com endocrinologista, a rede pública de saúde do DF oferece aproximadamente 55 nutricionistas que investem na mudança de hábitos dos pacientes para vencer a obesidade. A porta de entrada para o serviço também são os médicos da família, lotados nas unidades básicas de saúde.
“Promovemos atendimentos individuais e em grupo, além de trabalharmos com uma equipe multiprofissional formada por psicólogos, fisioterapeutas e assistentes sociais”, explica a gerente de Serviços de Nutrição da Secretaria de Saúde (SES-DF), Carolina Gama. “Quando os objetivos não são alcançados, o paciente pode ser encaminhado ao Cedoh [Centro Especializado em Diabetes, Obesidade e Hipertensão] para um atendimento mais particularizado.”
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O paciente passa por dois anos de acompanhamento multiprofissional. Caso não obtenha resultados positivos, a cirurgia bariátrica pode ser recomendada. Para fazer o procedimento pela rede pública de saúde, é preciso ter obesidade grau 2 com comorbidades ou ser diagnosticado com obesidade grau 3.
Prevenção
Mais do que oferecer tratamento contra a obesidade, o GDF tem investido na prevenção da doença. “Em parceria com a Secretaria de Educação, procuramos incentivar hábitos saudáveis desde a infância”, relata Carolina. “A orientação é que a alimentação da criança seja composta principalmente por alimentos in natura ou minimamente processados”.
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Alimentos processados precisam ser consumidos com moderação. Já os ultraprocessados devem ser evitados, por serem ricos em aditivos, corantes e conservantes. As bebidas açucaradas também devem ser dispensadas.
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“Estimulamos, ainda, a prática de atividade física – pelo menos 150 minutos por semana, se a intensidade do exercício for moderada; para isso, contamos com o apoio da Secretaria de Esporte e Lazer”, recomenda Carolina. “Todo esse engajamento mostra que a obesidade é um problema muito mais amplo, que não se restringe à Secretaria de Saúde.”
Com informações da Agência Brasília