Setores do Distrito Federal se organizam para barrar a epidemia de dengue que se instalou
Conforme a dengue avança pelo território nacional, o Distrito Federal desponta como a unidade federativa com o maior número de mortes confirmadas . Segundo o último boletim epidemiológico, publicado pela Secretaria da Saúde do Distrito Federal no dia 14, até então a epidemia da arbovirose levou 23 pessoas a óbito, dentre as quais 12 eram idosas. O DF é, atualmente, a unidade federativa que levanta maior preocupação no Brasil.
Segundo dados da secretaria, 52% das mortes são de pessoas idosas. A maioria foi pessoas com 80 anos ou mais, o que representa 5 notificações. Após essa faixa, pessoas entre 60 e 69 anos representaram 4 mortes, e as faixas de 70 a 79 anos, 40 a 49 anos e 20 a 29 anos, registraram 3 óbitos cada. O panorama conta ainda com as mortes juvenis de um bebê menor de 1 ano, e uma criança entre 5 e 9 anos. Além desses, 66 óbitos estão sob investigação.
O terror desses números pode ser percebido se comparado à mesma época do ano passado, em que, segundo um boletim epidemiológico da pasta, o Distrito Federal contava com um total de 0 mortes por dengue. Mesmo em 2022, ano em que se havia notado um aumento na curva de contágio, o Distrito Federal não contabilizava morte alguma pela doença.
Segundo o painel nacional de monitoramento, do Ministério da Saúde, além de se destacar no número de mortes, o Distrito Federal segue com o maior número de casos prováveis proporcionais. São 2362 casos a cada 100 mil habitantes, número que, em si, é 268% maior do que a segunda unidade federativa com maior número de casos proporcionais, Minas Gerais, com 881,9.
O boletim aponta que, até sua publicação, ocorreram 66.361 casos prováveis, que representa aumento de 1.303,09% quando comparado com o mesmo período do ano anterior. As regiões administrativas que mais sofrem com a situação, em números absolutos são Ceilândia, com 12.983 casos, Taguatinga, com 3.772, Sol Nascente com 3.701, e Brazlândia, com 3.305. No entanto, quando é considerado o aumento nas últimas 4 semanas, Brazlândia se torna o lugar mais grave, seguido de Sol Nascente, Estrutural e Ceilândia.
Segundo a Secretaria de Saúde, cerca de 1.150 casos de dengue registrados no DF evoluíram com sintomas que indicam o agravamento da doença, como sangramentos e vômitos persistentes. Este número representa um crescimento de 1.616,4 % em relação ao mesmo período de 2023.
Atualmente o sistema público de saúde do DF se encontra absolutamente sobrecarregado, e leva a uma espera de pacientes de, pelo menos, 5 horas, sem nem sequer conseguir alcançar a triagem. Foi isso que nos testemunhou Aparecida Fátima, servente de limpeza idosa que precisou faltar ao trabalho para levar sua filha de 41 ao hospital.
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Segundo afirma, a filha passou a noite toda com dores extremas pelo corpo e enjoos fortes, ocasionando vômitos.
Chegaram à UPA do Núcleo Bandeirantes às 10:00 e, ainda às 15:00 não tinham visto um médico.
“Eu tô aqui desde às 10:00 para receber atendimento e ainda não fomos atendidas, não passamos nem pela triagem.
Tá tendo muita gente”, afirma. Sem a possibilidade de apartar a dor da filha, através de medicamento dado por via intravenosa, a mãe decidiu comprar ela mesma os produtos, e dá-los por via oral. “Eu vou comprar um paracetamol e um dipirona para dar para ela, não sei que hora que a gente vai sair daqui, tenho que aliviar a dor.”
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Como tantos outros, a filha de Aparecida sente dor de cabeça, no corpo, nas costas, e nas juntas, “não tem um lugar nela que não tá doendo”. Preocupada, a mãe acha que o caso da filha é grave, se indigna pela demora, embora veja a fila de pessoas precisando de ajuda. “Se não der certo aqui, vamos ter que procurar outro lugar, outra UPA”, diz.
A Secretaria de Saúde afirma que o atendimento à população está sendo desempenhado de forma intensa. De acordo com a Agência Saúde-DF, a rede de 176 Unidades Básicas de Saúde (UBSs) e as nove tendas montadas junto a Administrações Regionais registraram 114.023 atendimentos de pacientes com suspeitas de dengue entre 1º de janeiro e 13 de fevereiro. O horário de acolhimento das UBSs foi ampliado, e a SES DF planeja instalar mais 11 tendas.
“Os pacientes com sintomas da doença devem procurar atendimento para evitar um potencial agravamento. Temos profissionais capacitados, infraestrutura e os insumos necessários para enfrentar esse aumento no número de casos e contamos com o apoio da população para adotar as medidas necessárias para conseguirmos deter o avanço do mosquito transmissor”, afirma a secretária de saúde, Lucilene Florêncio.
O subsecretário de vigilância à saúde, Fabiano dos Anjos, afirma que as ações de combate ao mosquito Aedes aegypti estão sendo intensificadas. Para incrementar o combate ao mosquito da dengue, 29 carros fumacê agirão nas áreas de preocupação, que mostraram maior tendência de aumento de casos, com um incremento de mais dez veículos.
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“Os dados do boletim epidemiológico ajudam a indicar as áreas onde é importante atuar de maneira intensa, com o apoio de todos os órgãos do Governo do Distrito Federal, além do Exército Brasileiro”, afirma.
Ainda num esforço para combater a atual epidemia, as Unidades Básicas de Saúde oferecem vacinação contra a dengue para crianças de 10 e 11 anos. Serão duas doses administradas num intervalo de 90 dias, e que poderão ser aplicadas desde que o responsável acompanhe a criança, munido de seus documentos de identificação e caderneta de vacinação.
A vacinação contra a dengue não é indicada para indivíduos com imunodeficiência congênita ou adquirida, incluindo aqueles em terapias imunossupressoras, com infecção por HIV sintomática ou com evidência de função imunológica comprometida, e pessoas com hipersensibilidade às substâncias listadas na bula. Caso a criança tenha sido diagnosticada com dengue, é necessário esperar 6 meses para iniciar o esquema vacinal. Os locais de vacinação podem ser encontrados através do portal da Secretaria da Saúde do Distrito Federal.
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Dentre os sintomas mais comuns de dengue, estão febre alta (acima de 38°C), dor no corpo e articulações, dor atrás dos olhos, mal-estar, falta de apetite, dor de cabeça e manchas vermelhas no corpo. No entanto, a infecção por dengue também pode ser assintomática ou apresentar quadros leves.
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