Venda de destilados despenca no DF após suspeitas de intoxicação por metanol, diz sindicato

Por Vítor Ventura

Os brasilienses ficaram mais receosos quanto ao consumo de bebidas destiladas devido aos acontecimentos envolvendo adulteração por metanol nos últimos dias. Na capital, dois casos foram considerados suspeitos, mas posteriormente descartados. No entanto, isso serviu para reduzir as vendas de destilados em todo o DF. Segundo um levantamento do Sindicato Patronal de Hotéis, Restaurantes, Bares e Similares (Sindhobar-DF), 90% dos empreendedores que trabalham com as bebidas destiladas relataram diminuição na compra desses produtos.

O presidente do Sindhobar-DF, Jael Antônio da Silva, contou ao Jornal de Brasília que a queda na venda dos destilados já era esperada, sobretudo por ter sido uma orientação de autoridades de saúde evitar o consumo até um esclarecimento sobre os casos. “Nós avaliamos que foi algo esperado pela repercussão que envolve essa questão das falsificações. Então é natural que nossos clientes estejam receosos e inseguros em consumir as bebidas, é natural que haja, num primeiro momento, essa redução do consumo”, disse.

De acordo com o levantamento do sindicato, houve uma queda que varia de 15% a 20% no consumo de destilados no DF. Em compensação, alguns estabelecimentos indicaram que essa diminuição começou a se refletir no aumento do consumo de outros tipos de bebidas, como a cerveja. “Diminui em um, mas aumenta no outro. Claro que muitas vezes não é proporcional, mas houve uma transferência do tipo de bebida. Então, quem teve uma queda nos destilados, aumentou também um pouco o consumo dos não destilados”, comentou Jael.

Paulo Stefanini, sócio e co-fundador da Imagina Juntos, a primeira distribuidora especializada em bebidas brasileiras de curadoria, avaliou que por conta dessa situação, os clientes estão buscando se informar mais antes de consumir bebidas alcóolicas. “Eles estão preocupados com quem os distribuidores compram e como compram”, afirmou. Além disso, ele também destacou que muitas pessoas passaram a substituir os destilados: “em um momento como esse, todo mundo tende mais a alternar. Mudar do destilado para o não alcoólico, do destilado para o vinho, a cerveja”, contou.

Paulo explicou que houve um certo impacto nas vendas, mas que pôde ser contornado pela confiança dos clientes. Ele ainda ressaltou que a situação com as bebidas adulteradas pode gerar mais prejuízos se não for controlada, mas no momento a preocupação deve ser com a saúde das pessoas. “Eu acho que o maior prejuízo sempre vai ser as vidas humanas. O álcool é coisa muito séria e é preciso que a responsabilidade seja o foco sempre”, completou.

Casos descartados

No mês de outubro, o DF registrou dois casos de pacientes com suspeita de intoxicação por metanol. O primeiro do cantor Hungria e o segundo de um homem de 47 anos que foi internado no Hospital de Base e entrou no protocolo de morte encefálica. Este passou a ser considerado um caso do Estado de Goiás já que o paciente residia no município goiano de Padre Bernardo. 

As duas suspeitas, entretanto, foram descartadas, tanto o caso do Hungria, pela Secretaria de Saúde do DF (SES-DF), como o segundo caso, pela Secretaria de Saúde de Goiás. Para Jael, isso pode ser algo que deve aliviar o receio do consumidor brasiliense. “Nós ainda não temos nenhum caso confirmado de contaminação pelo metanol aqui no DF. Todas foram descartadas até agora. Isso também já traz um certo alívio, mostrando que os bares e restaurantes devidamente estabelecidos aqui em Brasília e regularizados compram seus produtos de fornecedores idôneos”, afirmou o presidente.

Em nota ao JBr, a SES-DF confirmou que até o dia 10 de outubro, não havia casos suspeitos ou confirmados de intoxicação por metanol de pacientes residentes no DF. Ainda assim, a pasta informou que a fiscalização segue acontecendo. “As ações de vigilância epidemiológica e sanitária permanecem ativas, com a continuidade do monitoramento de notificações e das inspeções realizadas pela Vigilância Sanitária em estabelecimentos comerciais e distribuidores de bebidas alcoólicas”, indicou a secretaria.

A SES-DF ainda destacou que o segundo caso notificado na capital, de um paciente residente em Goiás, foi excluído da contabilização do DF. “Desta forma, até o momento o DF teve apenas um caso notificado de residente e que já foi descartado”, apontou a pasta.

Mesmo assim, o presidente do Sindhobar alertou para que os consumidores continuem atentos no consumo dos destilados. “As pessoas têm que estar preparadas e orientadas para não consumirem bebidas que são vendidas a preços irrisórios em relação ao preço de mercado”, orientou.

Compartilhe esse post :

Facebook
Twitter
LinkedIn
Pinterest

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Create a new perspective on life

Your Ads Here (365 x 270 area)
Últimas Notícias
Categories

Assine para receber notícias

Cadastre seu email e receba todos os dias as nossas notícias em primeira mão.

plugins premium WordPress