Durante o Brazil Development Forum, realizado em Washington pelo LIDE (Grupo de Líderes Empresariais), o presidente da Companhia Energética de Brasília (CEB), Edison Garcia, ressaltou a relevância do Brasil na transição energética, apontando o país como um “protagonista global” nesse processo. Ele também enfatizou os progressos alcançados pelo Distrito Federal na adoção de fontes renováveis, destacando a importância regional dentro do cenário nacional de sustentabilidade.
“O Brasil tem clima, regulação e capital humano para liderar esse processo. Precisamos apenas alinhar a decisão política com a infraestrutura necessária”, afirmou Garcia no painel sobre energia e clima. O encontro reuniu lideranças empresariais, políticas e investidores brasileiros e americanos em torno do debate sobre desenvolvimento sustentável e cooperação bilateral.
Garcia apresentou um panorama histórico e técnico da evolução energética brasileira, ressaltando que a transição não é apenas uma pauta ambiental, mas sobretudo estratégica. “Ela exige regulação adequada, cultura social para sua aceitação e investimentos robustos”, disse. O presidente da CEB relembrou marcos da história energética nacional, como a criação da Petrobras por Getúlio Vargas, o Proálcool e a construção de Itaipu. Segundo ele, nos últimos 8 anos a matriz elétrica do Brasil passou por uma transformação sem precedentes. “Caímos de 80% de dependência hidrelétrica para cerca de 43%. Hoje, energia solar já representa 23% da matriz e a eólica, 13%”, afirmou.
Na comparação internacional, Garcia destacou as contradições de grandes economias. “Nos Estados Unidos, a energia renovável representa apenas 22% da matriz, sendo apenas 5% de geração solar, com 40% ainda baseada no gás. A mudança de visão foi relevante, em que o governo (do ex-presidente Joe) Biden tinha políticas de apoio à geração centralizada quanto o governo Trump emitiu o ato de mudança fiscal, com redução dos incentivos à geração solar centralizada, com impactos imediatos nos investimentos em geração solar. As políticas públicas têm um viés mais favorável à exploração do petróleo americano. Garcia citou a fala de Trump no início de governo: “Drill, baby, drill.”
Já a Europa foi citada como exemplo dos fatores geopolíticos. “A guerra entre Rússia e Ucrânia evidenciou a dependência energética europeia do gás e a urgência de acelerar a transição para fontes locais e sustentáveis”, disse.
Capital da energia limpa
Garcia concentrou-se também nos feitos recentes da CEB. Segundo ele, Brasília está no caminho para se tornar uma capital vocacionada para a geração da energia solar. “Estamos implementando um complexo fotovoltaico com capacidade para gerar 100 megawatts de energia limpa, o suficiente para abastecer centenas de prédios públicos do Distrito Federal. Também iniciaremos este mês a construção de uma usina para o STF” anunciou. Outro destaque é a modernização da iluminação pública da cidade, com a substituição de lâmpadas de vapor de sódio por LED. “É um programa de descarbonização da iluminação urbana que impacta diretamente a qualidade de vida da população e reduz significativamente o consumo de energia pública”, explicou.
“É um programa de descarbonização da iluminação urbana que impacta diretamente a qualidade de vida da população e reduz significativamente o consumo de energia pública”.Edison Garcia, presidente da Companhia Energética de Brasília (CEB), destacando a modernização da iluminação pública de Brasília
Garcia também celebrou os resultados obtidos após a privatização da distribuidora. “Em 2018, a CEB dava prejuízo de R$ 38 milhões. Hoje temos um lucro recorrente de R$ 240 milhões e uma margem EBITDA de 76%. As ações passaram de R$ 2 para mais de R$ 200. Foi uma virada institucional e de credibilidade.” Com 80% do capital ainda sob controle do Governo do Distrito Federal, a companhia atua exclusivamente nas áreas de geração e infraestrutura energética. “Somos hoje uma empresa com foco, caixa e credibilidade para investir pesado na transição energética do DF”, reforçou.
Potencial
A CEB também pretende captar recursos junto a instituições multilaterais. “Estamos em conversas avançadas com bancos de fomento e fundos verdes. Nosso objetivo é transformar Brasília em um hub de inovação e geração limpa, com segurança jurídica e apoio político”, afirmou Garcia. Ao encerrar sua participação, agradeceu ao LIDE pelo espaço de debate e destacou o simbolismo da presença do setor energético do DF em Washington.
“O que estamos construindo não é apenas um modelo energético, mas um legado de sustentabilidade, inovação e responsabilidade pública. Brasília pode – e deve – liderar essa agenda”, concluiu
Com informações da Agência Brasília