Moradores cobram manutenção nas faixas de pedestres

Por Daniel Xavier
daniel.xavier@grupojbr.com 

A capital federal é amplamente reconhecida por sua cultura de respeito ao pedestre, com motoristas que, em grande parte, costumam parar para permitir a travessia nas faixas. Segundo dados da Gerência de Estatística do Detran-DF, desde 1997 — ano em que Brasília se consolidou como referência nacional em travessia segura —, os índices de atropelamentos caíram de forma significativa. 

fotos joel rodrigues agência brasília
Foto: Joel Rodrigues/Agência Brasília

O número de pedestres mortos caiu de 266, em 1996, para 202 em 1997, o que representa uma redução de 24%. Desde então, mesmo com o crescimento da frota de veículos e da população do Distrito Federal – 3,24 milhões de habitante, segundo a Companhia de Planejamento do Distrito Federal (CODEPLAN) —, o número de vítimas fatais tem diminuído continuamente.

Segundo os dados, ao longo desses 28 anos, a frota de veículos praticamente triplicou, passando de 605 mil, em 1996, para mais de 2,1 milhões em 2025. Apesar disso, o número de mortes de pedestres no trânsito caiu 69% no mesmo período — de 266 para 82 casos. E, dessas 82 mortes registradas em 2025, apenas uma ocorreu sobre a faixa de pedestres, o que reforça a importância e a eficácia da sinalização adequada para garantir a segurança viária. Ainda assim, para manter esses índices baixos, é essencial que a manutenção da sinalização horizontal seja contínua e eficiente. 

Jornal de Brasília recebeu denúncias de moradores da Asa Sul, de Sobradinho e de Taguatinga sobre a precariedade das faixas de pedestres nessas regiões, que estariam apagadas ou quase invisíveis. A falta de sinalização adequada coloca em risco quem precisa atravessar as vias, aumentando a chance de acidentes.

Faixas apagadas

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Foto: Daniel Xavier/Agência Brasília

Marinalva Costa, de 60 anos, mora há cinco anos na Asa Sul, especificamente na quadra 205 Sul, em Brasília. Ela relata que a situação das faixas de pedestres na região é bastante precária. “Aqui, especificamente, onde ando muito, falta calçada. A faixa antes estava apagada, aí fizeram um pequeno reparo no asfalto e agora ela está totalmente apagada”, afirma. Segundo ela, após a manutenção do asfalto, os responsáveis não pintaram as faixas, e a sinalização horizontal tem demorado muito. “Eles fazem a manutenção e somem. Às vezes levam meses para voltarem e fazerem a demarcação da faixa. É um processo muito moroso”, critica.

Além da falta de faixas visíveis, Marinalva também destaca a ausência de acessibilidade nas calçadas da região. “É um complicador para quem precisa andar por aqui. A gente vai andando por todas as quadras e vê que, de modo geral, falta estrutura.” Para ela, as faixas são de “primordial importância”. “Com a faixa já é difícil atravessar, sem ela é quase impossível. Ninguém para, ninguém respeita, mesmo quando ainda há algum vestígio da faixa. Infelizmente, não há essa cultura de respeito ao pedestre”, desabafa Marinalva.

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Foto: Daniel Xavier/Agência Brasília

Segundo Marinalva, a faixa em frente à sua quadra está apagada há  meses. A situação é ainda mais preocupante porque há uma escola próxima. “Já vi várias situações de risco. Até a gente, que é adulto, às vezes para no meio da rua, com medo, esperando para ver se o motorista vai parar. É um perigo constante, principalmente para as crianças que circulam por aqui. Depois que fizeram a reforma da via, era obrigação refazerem também a sinalização”, aponta.

Luíza Rezende, de 23 anos, filha de Marinalva, reforça a preocupação. “É uma necessidade urgente. Tem muita criança que vai e volta sozinha da escola, não presta atenção e pode ser atropelada. Ainda mais sendo uma via em frente a uma escola”, comenta. Ela destaca que à noite a situação se agrava. “Fica mais difícil tanto para quem atravessa quanto para quem dirige, porque a pessoa que não conhece a via acaba passando direto. É muito perigoso”, revela. Ao finalizarem seus relatos ao JBr, Marinalva e Luiza sinalizaram na faixa apagada para tentar atravessar, e o JBr flagrou a mãe e filha quase sendo atropeladas.

O problema não é isolado. Em Sobradinho, próximo ao Atacadão Dia a Dia e no setor comercial de Taguatinga, a situação se repete: faixas apagadas dificultam a travessia e colocam pedestres em perigo.

Detran na revitalização 

O JBr entrou em contato com o Departamento de Trânsito do Distrito Federal (Detran-DF) para saber sobre a manutenção dessas faixas. O órgão infonou que “cronograma de revitalização da sinalização viária, conduzido pela Engenharia de Trânsito, está em andamento nas vias urbanas de todas as regiões administrativas, incluindo, Plano Piloto e regiões administrativas do DF.

A entidade ainda diz que a população pode solicitar a instalação de faixa de pedestre diretamente ao Detran-DF por meio da Ouvidoria, pelo telefone 162 ou pelo formulário eletrônico (https://www.participa.df.gov.br/pages/registro-manifestacao/relato), ou ainda por intermédio da administração regional de sua cidade. 

Em nota o  Detran-DF comunica que realiza operações de policiamento e fiscalização em faixas de pedestres, diariamente, com o objetivo de garantir a segurança viária, independente da faixa de pedestres. “Lembramos que os veículos maiores são responsáveis pelos menores, e todos pela segurança dos pedestres”, destaca a nota.

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