Representantes da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) visitaram o primeiro Horto Agroflorestal Medicinal Biodinâmico (Hamb) do Brasil, localizado na Unidade Básica de Saúde (UBS) 1 do Lago Norte. A equipe busca por práticas bem-sucedidas que articulem saúde, agroecologia, segurança alimentar e nutricional e participação comunitária.
Gerente da UBS 1 do Lago Norte, Maria Inês Guedes aponta que o encontro atesta a relevância internacional que projetos como a Rede de Hortos Agroflorestais Medicinais Biodinâmicos (Rhamb) possuem, motivando outras regiões do mundo a fazerem o mesmo.“Essa visita reforça o compromisso com a inovação em saúde pública, ampliando nosso papel além do atendimento clínico. Uma iniciativa que integra conscientização ambiental e promoção da saúde preventiva”, afirma a gerente.
A Rhamb é uma iniciativa da Secretaria de Saúde (SES-DF) com apoio da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) Brasília. O projeto é dedicado ao cultivo de plantas medicinais e plantas alimentícias não convencionais (Pancs) de forma comunitária. Sua base é a agricultura biodinâmica, relacionada a uma visão de saúde ampla e integral.
Visita internacional
Os enviados integram o Mecanismo da Sociedade Civil e Povos Indígenas (MSCPI) para as relações com o Comitê de Segurança Alimentar Mundial (CSA) da FAO. Também participaram do encontro, realizado na segunda-feira (9), representantes de organizações não governamentais (ONGs) e de povos indígenas de todos os continentes do planeta.
Para a representante da Europa Ocidental no MSCPI, a agricultora urbana Dee Woods, iniciativas como o Hamb servem de inspiração para países do chamado Norte Global que, apesar dos altos índices socioeconômicos, carecem de políticas do tipo.
“Na Inglaterra, por exemplo, não temos nenhuma estratégia alimentar. Há uma série de políticas em matéria de agricultura, sim, mas nossas estatísticas de saúde são péssimas por causa do alimento que consumimos – em particular nas cidades, onde há altos níveis de insegurança alimentar”, explica Woods. “Ao nos depararmos com projetos como os hortos, nos quais comunidades, agricultores, serviços de saúde e governos se unem, é bastante inspirador. Certamente levaremos esse exemplo conosco.”
Saúde comunitária
Os hortos possuem caráter educativo, terapêutico e de pesquisa, fomentando o vínculo dos serviços com a comunidade e entre as pessoas.
“A Rhamb é um equipamento de saúde que aproxima as pessoas de pautas importantes da atualidade, como as mudanças climáticas, a saúde mental, a segurança alimentar e nutricional, a agroecologia, além de possibilitar vínculos e pertencimento comunitário”, avalia o gerente de Práticas Integrativas em Saúde (PIS) da SES-DF, Marcos Trajano.
O gestor enumera ainda iniciativas nacionais anteriores que serviram de exemplo para outros países, como o Programa Nacional de Aquisição de Alimentos (PAA) e a Política Nacional de Alimentação Escolar (Pnae). “Esperamos que a Rhamb siga o mesmo caminho, auxiliando pessoas de todo o globo a alcançarem melhor qualidade de vida”, acrescenta.
Atualmente, a Rhamb conta com 31 unidades em funcionamento nas sete regiões de saúde do DF, sendo 28 em serviços públicos e mais três em apoio a iniciativas comunitárias. Em 2024, foram construídos 13 novos espaços; neste ano, já são três.
*Com informações da Secretaria de Saúde