O Parque de Exposições da Granja do Torto foi palco, nesta terça-feira (2), de um momento histórico para o agronegócio do Distrito Federal. Durante a abertura da 33ª edição da Expoabra, a Organização Mundial de Saúde Animal (OMSA) entregou ao DF o certificado de zona livre de febre aftosa sem vacinação. A conquista, aguardada há décadas, coloca o rebanho de mais de 82 mil cabeças em um novo patamar de segurança sanitária e abre portas para exportações a mercados mais exigentes.
“É um marco histórico. Esse reconhecimento fortalece a segurança do nosso rebanho e cria oportunidades para exportação de produtos de origem animal. Isso significa mais renda e mobilidade comercial para nossos produtores”, comemorou a vice-governadora Celina Leão, que acompanhou a cerimônia.
Com a chancela internacional entregue em pleno coração da maior feira agropecuária do DF, a simbologia não poderia ser maior. Para o secretário de Agricultura, Abastecimento e Desenvolvimento Rural (Seagri-DF), Rafael Bueno, a Expoabra demonstra a pujança da pecuária local. “Este ano tivemos um crescimento expressivo na participação. Passamos de cerca de 400 bovinos no ano passado para mais de 750 animais de elite expostos, incluindo raças como Manga Larga e Quarto de Milha. Também tivemos a Exposição Nacional do Jumento Pega. É uma feira robusta, que reforça a importância da pecuária para a geração de empregos e renda, além de contribuir para o PIB do DF”, destacou.
Bueno lembrou ainda que o reconhecimento da OMSA amplia as perspectivas comerciais para o setor. “Muitos países não compram animais vacinados ou seus subprodutos. Agora, nosso rebanho de bovinos, suínos, ovinos, caprinos e bubalinos pode ser exportado para qualquer lugar do mundo. É mobilidade comercial e mais renda para o produtor rural”, afirmou.
Crédito para novos cultivos
A cerimônia também foi marcada pela entrega de cartas de crédito do Fundo Distrital de Desenvolvimento Rural (FDR), instrumento financeiro do GDF que apoia pequenos e médios produtores. Dois agricultores foram contemplados com financiamentos destinados à implantação de lavouras de mirtilo, fruta que vem ganhando espaço no Cerrado.
Pedro Henrique Carneiro da Costa Rezende, ao lado do sócio Felipe Brandão, recebeu uma carta no valor de R$ 99,1 mil. O recurso será aplicado em irrigação, estruturas de apoio e telados. “Estamos muito felizes. É um passo fundamental para fortalecer o ecossistema do mirtilo em Brasília. Essa taxa bonificada de 3% ao ano vai permitir que o projeto traga emprego e novas culturas para a região”, celebrou Rezende, em tom de gratidão ao GDF, à Emater e à Seagri.
Cultura, tradição e inovação
A Expoabra, que completa 33 anos, também reafirmou sua vocação cultural. Shows musicais, cavalgada e atrações para toda a família garantem a convivência entre tradição e modernidade. Para o diretor-presidente do Parque de Exposições da Granja do Torto, Edson Rodhen, o evento devolve vitalidade ao espaço. “Temos mais de mil animais expostos, além de apresentações culturais e grandes shows nacionais. É um reencontro do público com o parque, e já estamos pensando na próxima edição, em 2026”, disse. O evento tem entrada gratuita desde 29 de agosto a 7 de setembro.
O secretário de Cultura e Economia Criativa, Cláudio Abrantes, ressaltou a dimensão afetiva do encontro entre agro e cultura. “A produção rural carrega memória e experiência. Quando falamos em queijo, vinho, goiaba ou uva, falamos de identidade cultural. A Expoabra traduz isso ao unir tradição, tecnologia e inovação. É um patrimônio vivo do DF que conecta campo, cultura e economia criativa”, observou.
O status de zona livre de febre aftosa sem vacinação não é apenas um título, mas resultado de um esforço coletivo entre setor público e privado. A Seagri-DF, a Câmara Legislativa do DF e a Federação da Agricultura e Pecuária do DF (Fape-DF) atuaram na implementação de rigorosas medidas de biosseguridade e fiscalização.
