Por Beatriz Vasconcelos, Juan Costa, Leonardo Rodrigues
Agência Ceub/Jornal de Brasília
Embora os dados apresentados pela Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji)apresentarem uma diminuição, em 2023, de 40,7% em casos de violência contra os jornalistas (de 557 para 330), o número de ataques ainda é considerado elevado em um Estado democrático. Neste domingo (7), a categoria celebra o Dia do Jornalista, uma data para refletir.
O Distrito Federal teve 82 casos, o maior número entre todas as unidades da Federação. Particularmente, no ano passado, as violências de 8 de janeiro são as responsáveis pelo crescimento desse número.
Para a jornalista Mara Régia di Perna, da Rádio Nacional da Amazônia (da Empresa Brasil de Comunicação), e uma das profissionais mais premiadas do País, a frequência de ataques contra jornalistas tem como finalidade constranger e ameaçar os profissionais que atuam como fiscais de irregularidades.
Ameaças
Em mais de 40 anos de carreira, Mara Régia, que conduz o programa “Viva Maria”, recorda, por exemplo, que muitos maridos das ouvintes ficaram inconformados com as informações e com o teor dos temas tratados pelas reportagens, que incluíam empoderamento feminino contra o machismo.
“Na recepção do meu trabalho fui surpreendida por um homem que me procurava proferindo as seguintes palavras: ‘eu já quebrei o rádio. Agora, se você continuar falando essas coisas na rádio, o que eu vou quebrar é sua cabeça’”.
Dificuldades
Além das violências físicas, outro tipo de violência é a descredibilização de jornalistas, que representaram, em 2023, 47,2% dos casos de agressão.
Segundo avaliaram pesquisadores da Abraji, o fato do país possuir enraizada a impunidade, principalmente quando ocorre em ambientes virtuais, a lentidão na apuração dos fatos acaba estimulando a realização de mais atos.
O Distrito Federal lidera a área dos ataques, com 131 episódios relatados. Nos ataques de 8 de janeiro contra as sedes dos três poderes em Brasília, os jornalistas relataram que sofreram tanto agressões físicas como verbais, além de terem seus equipamentos apreendidos indevidamente pelos criminosos.
A violência no trabalho afeta então a segurança dos profissionais e acarreta no medo deles de exercer o ofício. “Nosso compromisso ético incomoda, porém não podemos parar”, diz Mara Régia.
Supervisão de Luiz Claudio Ferreira