Por Camila Coimbra
Com mínimas entre 13ºC e 16ºC e máximas de até 27ºC, o Distrito Federal enfrenta dias de temperaturas amenas e baixa umidade relativa do ar, que pode atingir 30% no fim de semana, segundo o Instituto Nacional de Meteorologia (INMET). O clima, típico do período seco, favorece o surgimento de doenças respiratórias, e acende um alerta para a importância da vacinação contra a gripe.
A vacina está disponível em 164 salas de imunização nas Unidades Básicas de Saúde (UBSs) do DF e pode ser aplicada em qualquer pessoa a partir dos seis meses de idade. A Secretaria de Saúde (SES-DF) recomenda que a população procure unidades com menor fluxo de pacientes para evitar longas esperas — a UBS 1 da Asa Sul, por exemplo, tem registrado grande demanda. A lista completa dos locais de vacinação pode ser consultada no site saude.df.gov.br.
Desde que o Governo do Distrito Federal (GDF) abriu a vacinação para toda a população acima de seis meses, no dia 19 de maio, 154.384 doses foram aplicadas. Antes, o imunizante era restrito ao grupo prioritário. A ampliação da campanha visa elevar a cobertura vacinal e reduzir a circulação do vírus da gripe, além de evitar casos graves e óbitos provocados pela Influenza.
Considerando todo o período da campanha — iniciada em 4 de abril — até o último dia 29, o DF já aplicou 478.252 doses, sendo cerca de 12 mil apenas no Dia D de mobilização, em 10 de maio. A cobertura vacinal atual está em 41,58% para idosos (166.948 doses aplicadas), 25,76% para crianças (52.684 doses) e apenas 4,62% para gestantes (1.232 doses). Ainda há 206 mil doses disponíveis nos estoques da rede pública. À medida que a vacinação avança, novas remessas poderão ser solicitadas ao Ministério da Saúde.
O imunizante protege contra os vírus influenza H1N1, H3N2 e B — os principais responsáveis pelos casos e óbitos por doenças respiratórias no Brasil. A vacina é atualizada anualmente e pode ser aplicada junto a outras vacinas do calendário básico, sendo necessário apresentar um documento de identificação e, se possível, a caderneta de vacinação.
De acordo com o médico Dalcy Albuquerque Filho, é fundamental combater a desinformação de que a vacina contra a gripe causaria a própria doença. “Isso é impossível, porque a vacina não é feita com vírus vivo. O vírus é inativado, quebrado, e serve apenas para sensibilizar o organismo”, explica. Casos em que a pessoa relata ter tido gripe após a vacinação geralmente se referem a infecções que já estavam incubadas antes da aplicação do imunizante, ou até a confusão com outras doenças, como resfriado ou covid-19.
Segundo o especialista, o grande objetivo da vacina não é impedir completamente a infecção, mas evitar quadros graves, especialmente em grupos prioritários como idosos, crianças pequenas e pessoas com baixa imunidade. “Mesmo quem já teve gripe neste ano deve se vacinar. Às vezes, a pessoa nem teve gripe de fato, pode ter sido outro vírus respiratório. A vacina garante imunidade completa em até dez dias após a aplicação”, afirma Dalcy.
Ele reforça ainda que a imunização deve ser renovada anualmente, pois os vírus sofrem mutações e a fórmula da vacina é atualizada com base nas cepas mais circulantes. “A vacina deste ano não protege no ano seguinte. Por isso, a campanha é renovada a cada temporada de outono e inverno.”
Sobre a possibilidade de tomar a vacina contra a gripe junto à da covid-19, o médico tranquiliza: “Não há qualquer problema. Cada vacina atua de forma específica, então é possível tomar ambas sem risco.”
Diante da dificuldade em diferenciar gripe, resfriado e covid apenas pelos sintomas — que incluem mal-estar, febre, coriza e tosse — Dalcy orienta que, principalmente pessoas dos grupos de risco, procurem atendimento médico para avaliação adequada e, se necessário, realização de exames.
