Atualmente, o Distrito Federal conta com 13 polos dos Centros de Iniciação Desportiva Paralímpicos (CIDPs), distribuídos em oito regiões administrativas. Criado pelo Governo do DF, por meio da Secretaria de Educação (SEEDF), o projeto se firmou como importante ferramenta de inclusão social por meio do esporte. Desde 2019, mais de 1,3 mil estudantes já foram contemplados, com acesso gratuito a sete modalidades adaptadas. As práticas são realizadas no contraturno escolar, garantindo maior participação dos alunos com deficiência da rede pública.
O projeto vem mudando a vida de crianças e adolescentes, promovendo autoestima, integração e até oportunidades de se tornarem atletas de alto rendimento. As modalidades disponíveis atualmente são: natação paralímpica, futebol de paralisados cerebrais, bocha/bocha paralímpica, judô paralímpico, futsal e futebol, atletismo e parabadminton. Veja a relação completa de unidades e modalidades oferecidas pelo GDF.
Do bullying às medalhas
No CIDP de Taguatinga, referência em parabadminton, o professor Létisson Samarone Pereira conta que muitos alunos chegam retraídos, inseguros e sem perspectiva. “Aqui, eles se descobrem capazes, ganham independência e até representam o DF em competições nacionais e internacionais. O CIDP mostra para a família e para a sociedade que eles são plenamente capazes”, afirma. “Muitos de nossos alunos saem daqui com bolsas, participam de campeonatos fora do DF e até passam a viver do esporte. É uma mudança de vida completa”, acrescenta.
A professora Cláudia Dionice Alves destaca o reflexo imediato na escola. “Um aluno que sofria bullying passa a ser admirado depois de conquistar uma medalha. Isso muda tudo: autoestima, disciplina, saúde e até o rendimento escolar. O CIDP abre horizontes que a sala de aula sozinha não consegue dar”, reforça. “O CID mostra que o aluno com deficiência não precisa ser tratado com pena; ele é capaz, competitivo e pode ir muito longe”, ensina.
Cláudia também ressalta o apoio do GDF na estrutura: “O parabadminton, por exemplo, exige material caro. Mas os centros contam com raquetes, petecas e espaço adequado graças ao Pdaf [Programa de Descentralização Administrativa e Financeira], o que democratiza o acesso”. Os recursos para manutenção e materiais são repassados pelo Pdaf às regionais de ensino, que gerem cada polo.
Histórias que inspiram
Entre os alunos, Miguel Santana é exemplo de como o projeto transforma a vida dos participantes. Há três meses no CIDP, ele já até participou de campeonato. “Aqui não tem exclusão, todo mundo é igual. Quem não conhece precisa vir. O esporte é caro, mas aqui é acessível e transformador”, conta. “Antes eu ficava em casa sem fazer nada. Agora, tenho amigos, treino e me sinto parte de um time”, acrescenta.
Já Evelyn Andrade, 16 anos, chegou tímida e insegura. Hoje, é atleta de alto rendimento no parabadminton. “Eu sempre tive vergonha da minha deficiência. No CID, aprendi a me aceitar e a acreditar em outras meninas e quero mostrar que todas podem. Recentemente, fui convocada para o Pan-Americano. Quando entrei, não acreditava que seria capaz de competir. Hoje, meu sonho é ser atleta paralímpica e sei que vou conseguir graças ao projeto”, comemora.
Campeões que apontam caminhos
O CIDP de Taguatinga também é casa de atletas de ponta, como Júlio César Godói, bicampeão parapan-americano e atualmente o 10º do ranking mundial de simples no parabadminton. Ele treina ao lado de estudantes e lembra que a convivência é uma troca valiosa: “Quando as crianças nos veem, querem seguir o mesmo caminho. Essa inspiração é fundamental: aprendemos com eles e eles aprendem com a gente. É gratificante ver no olhar deles a vontade de crescer. Cada vitória dos alunos é também uma vitória nossa como professores e atletas”, afirma. Ao lado do parceiro Marcelo Alves, o atleta ocupa, ainda, a 4ª posição mundial nas duplas.
As inscrições são gratuitas e devem ser feitas nas coordenações regionais de ensino. É necessário apresentar atestado médico e documentos do aluno e do responsável. As aulas ocorrem às segundas, quartas e sextas-feiras, nos turnos matutino e vespertino, de acordo com a disponibilidade do estudante. “Queremos quadras lotadas e mais jovens descobrindo suas capacidades. O esporte paralímpico transforma e precisa ser cada vez mais divulgado”, conclui Cláudia Dionice.
Como participar
Os CIDPs dão acesso às práticas esportivas voltadas à iniciação, aperfeiçoamento e participação em competições. As aulas são gratuitas e acontecem no contraturno escolar.
Estudantes da rede pública de ensino e entidades conveniadas da SEEDF com comprometimento funcional, auditivo, intelectual e físico. No caso da existência de vagas remanescentes, é ofertado à comunidade. A solicitação deverá ser feita de forma presencial na Coordenação Regional de Ensino.
Com informações da Agência de Brasília