Após análise inicial do plano de ação emergencial (PAE) apresentado pela empresa Ouro Verde, responsável pelo aterro sanitário localizado há cerca de 9 km de Brazlândia, a Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável do Goiás (Semad) autorizou parcialmente, nesta terça-feira (24), o início das obras para implantação de um desvio emergencial do Córrego Santa Bárbara. O córrego foi contaminado em consequência do deslizamento de toneladas de lixo, no aterro Sanitário Ouro Verde, ocorrido em 18 de junho, que foi noticiado em primeira mão pelo Jornal de Brasília.
A medida da Semad destaca a necessidade de isolamento hidráulico da área afetada, visa impedir que o curso d’água continue atravessando a região onde houve o desmoronamento e evitar que a água entre em contato direto com os resíduos, o que causou contaminação ambiental. A empresa Ouro Verde tem 24 horas para apresentar documentação técnica complementar.
Na última sexta-feira (20/06 a secretária de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável de Goiás, Andréa Vulcanis, assinou uma portaria proibindo o uso e o consumo de água do córrego Santa Bárbara e do Rio do Sal, em todo perímetro que vai até o deságue no rio Maranhão. A medida foi tomada após análise da água, que indicou risco de contaminação por chorume.

De acordo com a Semad no último sábado (21/06), a empresa responsável pelo aterro entregou um plano de ação que foi rejeitado por “não oferecer soluções para os desafios que se apresentam e por não estar assinado por um responsável técnico”.
Na manhã desta terça-feira (24), a secretaria concluiu a análise parcial do plano de ação emergencial (PAE) apresentado pela empresa, e em razão da complexidade e da urgência da situação, emitiu parecer prévio com foco específico na proposta de isolamento hidráulico da área impactada. Como ação prioritária e imediata a Semad determinou o início do esvaziamento das lagoas de chorume e a respectiva destinação ambientalmente adequada do efluente.
O que diz o PAE
O plano apresenta duas alternativas para o desvio do fluxo hídrico, que se diferenciam principalmente pelo uso de bombeamento em uma delas e pelo escoamento por gravidade na outra.
O plano contempla as seguintes etapas:
1) interceptação do fluxo de água a montante do ponto de contato com os resíduos;
2) captação e condução da água por tubulações laterais ao longo da borda do curso hídrico, utilizando o desnível natural do terreno para escoamento por gravidade ou pelo uso de bombas, se tecnicamente for mais adequado; e
3) lançamento da água em ponto a jusante previamente identificado, isento de potencial de contaminação;
A intervenção proposta menciona que vai evitar escavações agressivas, não requer supressão de vegetação e proporciona maior segurança operacional às equipes, ao manter o sistema de desvio fora da área instável (“área quente”).
Análise da água
Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável do Goiás (Semad) informou que nesta segunda-feira (23/06), realizou medições de qualidade da água tanto no córrego Santa Bárbara, afluente do rio do Sal, quanto em pontos de captação da Saneago na bacia do rio Descoberto.
Na bacia do Descoberto, a equipe da secretaria visitou três pontos de captação e, com auxílio de sonda multiparamétrica, não encontrou alterações que fujam dos parâmetros preconizados pelo Conselho Nacional de Meio Ambiente (Conama). A Saneago fez medições na água subterrânea de poços artesianos utilizados no abastecimento público de comunidades próximas ao lixão, e também não detectou inconformidade.
No córrego Santa Bárbara, a Semad utilizou a sonda em um ponto a montante do lixão e dois pontos a jusante. O que a equipe encontrou a jusante foi um aumento de sólidos totais dissolvidos (TDS). Em um único ponto, o TDS foi de 147 mg/L na quinta-feira, 240 mg/L no domingo e 270 mg/L nesta segunda. São valores que podem indicar que o curso hídrico está carregando os resíduos que desmoronaram.
Também foi observada uma alteração no pH do corpo hídrico. No domingo, o resultado foi de 5,8 e na segunda o valor caiu para 5,3, o que indica o aumento da acidez da água. Técnicos também encontraram espuma (possivelmente derivada de detergente e outros itens de higiene descartados no lixão), o que é mais um indicativo de contaminação. As equipes de medição de qualidade da água voltam a campo na próxima quinta-feira (26/06). Nesta terça-feira e quarta-feira, a Semad informou que os esforços estarão voltados para o estudo de amostras coletadas.