Por Larissa Barros
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O número de acidentes com motociclistas no Distrito Federal continua a crescer e acende um alerta. Desde o início do ano, 27 pessoas morreram em ocorrências com motos, segundo o Detran-DF. No Hospital de Base, um dos principais centros de traumas da capital, chegam, em média, seis motociclistas feridos por dia. As lesões mais comuns afetam os membros, principalmente os inferiores, e variam entre fraturas, escoriações e casos graves. Em 2024, foram 2.093 atendimentos a motociclistas. Só até 27 de maio deste ano, já são 675. A principal causa dos acidentes, de acordo com o órgão, é a falta de educação no trânsito, tanto de motoristas quanto de motociclistas.
A vendedora Uli Evelin Assis Gomes, de 32 anos, já se envolveu em três acidentes de moto, sendo que um deles aconteceu há dois meses atrás. “O primeiro foi o pior. Aconteceu perto da minha casa, em Luziânia, em um cruzamento sem sinalização. Eu estava na minha mão, na avenida principal, quando um carro entrou de repente na minha frente. Ainda tentei desviar, mas não consegui. Bati de frente e fui parar dentro do vidro do carro. Cortei os braços com os estilhaços e desloquei o joelho. Precisei ir várias vezes ao pronto atendimento para retirar os cacos”, relembra.
Apesar de não ter passado por cirurgia, ela convive com as consequências até hoje. “Não consigo mais ajoelhar, por exemplo. Se eu tento me ajoelhar para orar, sinto dor nos dois joelhos. Qualquer batidinha, eles ficam roxos. Meu pulso também se machuca com facilidade por causa do impacto que tive quando bati e fui arremessada contra o vidro”, detalha.
Mais do que as sequelas físicas, Uli carrega o trauma. “Hoje ando com medo o tempo todo. Fico atenta a tudo, de todos os lados”, diz. Mesmo ainda usando moto todos os dias, ela admite que evita ao máximo o veículo, principalmente pilotando.
Diante do crescente número de acidentes envolvendo motociclistas, o Detran-DF tem intensificado ações de conscientização. Entre as iniciativas estão blitzes educativas especificamente para motociclistas, palestras em instituições com foco em entregadores por aplicativo e o programa “Entregadores de App”, que mapeia esses profissionais para levar orientações diretamente aos locais onde atuam. Além disso, a Operação Sossego atua na retirada de circulação de motos com descargas abertas ou defeitos no silenciador, além de fiscalizar as condições dos veículos e a conduta dos condutores. As medidas visam reduzir os riscos no trânsito e reforçar a importância da responsabilidade sobre duas rodas. Dá para pilotar com segurança, manter uma conduta preventiva também é essencial para reduzir os riscos.
O militar Lucas Rezende, de 24 anos, pilota moto há dois anos e nunca se envolveu em um acidente. Para se manter seguro, ele segue alguns cuidados essenciais: garante uma boa noite de sono antes de sair de casa, evita pilotar cansado, mantém a atenção redobrada no trânsito e evita qualquer tipo de distração enquanto está na moto.
“Com o tempo, a gente vai percebendo os pequenos descuidos que acabam causando acidentes. O excesso de confiança é um dos principais. Sempre que percebo que estou começando a confiar demais, lembro dos acidentes que já presenciei e penso que, se continuar assim, provavelmente vou acabar me acidentando também. Então, retomo a prudência e redobro o cuidado ao pilotar”, relata Rezende.
Segundo Marcelo Granja, gerente da Escola Pública de Trânsito do Detran-DF, adotar medidas de segurança é fundamental para evitar acidentes. “Use sempre os equipamentos de proteção, mesmo quando alguns não forem obrigatórios. Um capacete bem ajustado e com viseira, luvas, jaqueta resistente, calça comprida e botas são essenciais para proteger o corpo em caso de queda. Roupas claras ou com faixas refletivas também ajudam a aumentar a visibilidade”, orienta. Ele reforça que manter a motocicleta em boas condições é outro cuidado indispensável: “Verifique pneus, freios, luzes, óleo e outros fluidos com frequência. A manutenção preventiva pode evitar muitas ocorrências”.
Além disso, o respeito às leis de trânsito deve ser prioridade, com atenção à sinalização, aos limites de velocidade e às regras de ultrapassagem. “É importante ainda ter atenção redobrada em relação aos pontos cegos de carros, ônibus e caminhões, certificando-se sempre de que os outros motoristas perceberam sua presença”, destaca. Em relação à circulação entre os veículos, a recomendação é evitar sempre que possível. “Se necessário, circule com velocidade moderada e atenção redobrada a aberturas de portas e mudanças de faixa repentinas, mantendo uma distância segura dos demais veículos”.
Em condições de chuva, pista molhada ou baixa visibilidade, reduza a velocidade e aumente a distância em relação aos outros veículos. Nunca utilize o celular enquanto pilota, pois a distração é uma das principais causas de acidentes graves”, conclui Granja.
- Ano de 2024 (total): 74 sinistros – 74 mortes
- Ano de 2024 (jan. a abr.): 26 sinistros – 26 mortes
- Ano de 2025 (jan. a abr.): 27 sinistros – 27 mortes
Observação: os dados são preliminares, pois o Detran-DF contabiliza as mortes ocorridas
até 30 dias após o sinistro.