“Nunca foi tão importante termos uma Procuradoria da Mulher”, disse a distrital, citando dados da Secretaria de Segurança Pública
Assumiu nesta sexta-feira (23), a frente da Procuradoria Especial da Mulher da Câmara Legislativa, a deputada distrital Dayse Amarílio (PDT). A solenidade de posse atraiu ao foyer do plenário autoridades, representantes de coletivos e de fóruns de mulheres, entre outros. Emocionada, a parlamentar apresentou o espaço como “uma trincheira num espaço de luta e resistência”.
“Nunca foi tão importante termos uma Procuradoria da Mulher”, disse a distrital, citando dados da Secretaria de Segurança Pública que apontam 34 feminicídios em 2023 e três neste ano. “Esta causa vai nortear minha passagem por este espaço de poder: a luta sem trégua contra o feminicídio. Merecemos o respeito da sociedade e a proteção do Estado. Chega de pedir permissão para viver”, bradou.
A antecessora de Amarilio na Procuradoria, deputada Doutora Jane (MDB), avaliou 2023 como um ano de muitos desafios e entregou uma publicação com as ações realizadas. “Precisamos unir esforços para mudar os números de feminicídios”, disse.
Doutora Jane destacou o simbolismo de a CLDF ter uma Procuradoria Especial da Mulher e defendeu a criação de uma Comissão de Direito da Mulher, “para que os projetos em torno dos direitos e da defesa da mulher possam passar por uma análise mais criteriosa”. “Esse simbolismo vai demonstrar ainda mais como esta Casa respeita a mulher”, argumentou.
Primeira procuradora da Mulher da Câmara Legislativa, a vice-governadora do Distrito Federal, Celina Leão, recordou o período de criação do órgão: “A gente não tinha cadeira, não tinha estrutura, não tinha nada. Tivemos de brigar por sala, e não briguei sozinha, mas com o apoio de outras mulheres”. E defendeu: “Não existe mulher de esquerda, de centro, de direita. Primeiro, nós somos mulheres. Uma mulher de verdade não precisa se sobrepor a outra para se afirmar. Ela se afirma porque sabe que a outra também vai afirmá-la”.
A deputada Paula Belmonte (Cidadania) sustentou também ser importante o engajamento dos homens na luta pelos direitos das mulheres, lamentando o pequeno número de deputadas no Legislativo local, quatro das 24 cadeiras da Casa. Para ela, a missão da Procuradoria é “muito preciosa”. “Nós queremos estudar, ter emprego, ter absorvente… Precisamos ser olhadas”, pregou.
Da mesma forma, a senadora Leila Barros (PDT/DF) registrou a tímida representatividade de mulheres com mandato no Senado Federal: são 15 senadoras de um total de 81 vagas. Ela relatou desafios, mas apresentou avanços conquistados nos últimos anos, como a criação da liderança feminina na Casa e de uma comissão mista – com deputados e senadores – de combate à violência contra a mulher. Leila destacou, ainda, a aprovação de 5% do Fundo de Segurança para ações de combate à violência de gênero.
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Desigualdade de gênero
Também presente na solenidade, a advogada e ativista Lúcia Bessa pregou prioridade ao combate à desigualdade de gênero, ressaltando ser essa a “gênese” de todas as violências vividas pelas mulheres.
A vice procuradora-geral de Justiça da Mulher, Selma Sauerbronn, acompanhou o argumento, mirando na desigualdade nas instituições: “É preciso atacar o âmago, a origem. Está entranhado: o Brasil é masculino, as instituições estão preparadas para receber homens. Queremos respeito, queremos discutir em pé de igualdade”.
Expectativas e cumprimentos
A solenidade desta manhã foi marcada por apresentações musicais e declamação de poema. As manifestações culturais sugeriam resiliência, combatividade e esperança.
A militante, enfermeira e técnica judiciária do Tribunal Regional do Trabalho da 10ª Região (DF), Iris Colonna, interpretou a música “Maria, Maria”, de Milton Nascimento. Defendendo união na luta por equidade e pela vida das mulheres, ela desejou “uma gestão profícua, de sabedoria e de resolutividade”, para a nova procuradora da Mulher, Dayse Amarilio.
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“Dayse tem trabalhado, incansavelmente, para dar visibilidade e protagonismo às nossas pautas. Sua atuação à frente da Procuradoria intensificará e fortalecerá o debate de políticas voltadas para nós, mulheres”, considerou a vice procuradora-geral de Justiça da Mulher, Selma Sauerbronn.
“A maior honra da minha vida é servir, e aprendi isso com a Enfermagem. Enfermagem é cuidar das pessoas, e política também é cuidar”, declarou Dayse Amarilio.
Procuradoria Especial da Mulher
O órgão foi criado por meio da Resolução nº 262/2013, de autoria da ex-distrital Rejane Pitanga. Entre suas competências estão:
I – receber, examinar e encaminhar aos órgãos competentes denúncias de violência e discriminação contra a mulher;
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II – fiscalizar e acompanhar a execução de programas do Governo do Distrito Federal que visem à promoção da igualdade de gênero, assim como a implementação de campanhas educativas e antidiscriminatórias de âmbito distrital;
III – cooperar com organismos distritais e nacionais, públicos e privados, voltados à implementação de políticas para as mulheres;
IV – promover pesquisas e estudos sobre violência e discriminação contra a mulher, bem como acerca de seu déficit de representação na política, inclusive para fins de divulgação pública e fornecimento de subsídio às Comissões da Câmara Legislativa.
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Nesta legislatura (2023-2026), as quatro deputadas da Casa irão se revezar no cargo de procuradora especial da Mulher.
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*Com informações de Denise Caputo – Agência CLDF