A 22ª edição do Projeto Preservar foi aberta nesta quarta-feira (27) na chácara da Farmacotécnica, no Núcleo Rural Vargem Bonita. Reconhecido por unir saberes populares e práticas científicas no uso de ervas medicinais, o evento segue com programação entre os dias 1º e 12 de setembro, envolvendo alunos, professores e comunidade em atividades voltadas à educação ambiental e à valorização da tradição ancestral.
Os alunos da Escola Classe Ipê são protagonistas desta edição. Atuando como monitores, eles conduzem os visitantes em trilhas educativas e compartilham conhecimentos sobre o uso tradicional das plantas medicinais. A iniciativa transforma estudantes em agentes do aprendizado, incentivando o contato direto com práticas ambientais e saberes que muitas vezes não fazem parte da rotina escolar.

As inscrições para participar do Projeto Preservar estão abertas e podem ser feitas gratuitamente por escolas, faculdades, instituições e público em geral. As vagas são limitadas, e a organização recomenda que os interessados façam contato com antecedência. A expectativa é receber cerca de mil visitantes ao longo dos dias de evento.
A programação inclui oficinas de manipulação de ervas, produção de cosméticos e fitoterápicos, aulas práticas sobre compostagem e atividades educativas em escolas parceiras. Ao longo de sua trajetória, o Projeto Preservar consolidou-se como um dos principais movimentos do Distrito Federal voltados à educação ambiental, ao uso consciente das plantas medicinais e à promoção da sustentabilidade.
Protagonismo das crianças

Entre os jovens monitores está Sofia Felipe, de 10 anos, aluna da Escola Classe Ipê. Durante a abertura, ela apresentou aos visitantes os benefícios da camomila, destacando suas propriedades anti-inflamatórias, digestivas e calmantes. Orgulhosa da experiência, a estudante disse que pretende levar para casa o aprendizado de cultivar e preservar as ervas.“Quero ensinar outras pessoas e mostrar o amor da natureza por nós. Quem está em casa também pode começar a plantar para ajudar a salvar o meio ambiente”, contou Sofia.

A diretora da Farmacotécnica, Rogy Tokarski, ressaltou que a essência do projeto está justamente no envolvimento das crianças. Para ela, transmitir os saberes sobre as ervas medicinais às novas gerações é essencial para manter vivo um conhecimento ancestral. “Se a gente não ensinar os mais novos, daqui a alguns anos essa medicina milenar pode se perder. Queremos que esse aprendizado seja passado de avós para netos, de pais para filhos, mostrando não só o uso das plantas, mas também o cuidado com a natureza”, afirmou.
Segundo Rogy, a proposta vai além da teoria. Os alunos têm contato direto com a terra e com mais de 39 espécies cultivadas na chácara. Durante as trilhas, eles aprendem sobre os benefícios das plantas e orientam os visitantes em experiências práticas, como o preparo de chás e o manejo das ervas. “É um momento de reconexão com a natureza, algo cada vez mais distante da rotina das pessoas”, completou.
Um legado de quase 50 anos

Idealizador da Farmacotécnica, o farmacêutico Rogério Tokarski lembrou que a instituição está prestes a completar meio século de existência, sempre com foco em ciência e qualidade no cultivo de plantas medicinais. Para ele, o projeto é também uma forma de valorizar o conhecimento popular e aproximar a comunidade da prática tradicional. “Setenta por cento dos medicamentos que existem hoje têm origem vegetal. O Projeto Preservar mostra justamente essa riqueza, ensinando que a preservação das plantas é também a preservação da nossa saúde”, destacou.

Rogério ressaltou ainda a importância de manter a tradição de geração em geração. Ele vê no engajamento da família e dos alunos um sinal de que o legado está sendo transmitido.

“Nós nos formamos para cuidar e preservar. É gratificante ver as pessoas aprendendo e valorizando esse conhecimento. Aqui tudo é feito de forma natural, e isso se reflete na qualidade do que oferecemos, da terra ao aprendizado”, afirmou.