A inflação em Brasília foi de 0,01% em julho deste ano, caindo 0,11 pontos percentuais em relação a junho (0,12%). Conforme dados do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a taxa é a menor da série histórica desde janeiro de 2024. No ano, a inflação acumulada na capital federal foi de 3,25%, enquanto que em 12 meses foi de 4,99%.
A inflação em Brasília em julho ficou abaixo da média nacional, que foi de 0,26%, subindo 0,02 ponto percentual em relação a junho (0,24%). No ano, a inflação acumulada no país é de 3,26% e, nos últimos 12 meses, de 5,23%. A redução do IPCA de julho em Brasília foi puxada principalmente pelos grupos de vestuário (-0,94%), alimentação e bebidas (-0,43%), comunicação (-0,28%) e transportes (-0,9%).
No vestuário, destacam-se a desaceleração das roupas masculinas (-2,51%), calça comprida feminina (-2,84%) e conjunto infantil (-2,74%). Já na alimentação e bebidas, o declínio está relacionado a alimentação no domicílio (-1,15%), com destaque para a batata-inglesa (-17,48%), cebola (-18,73%), manga (-12,12%), arroz (-6,35%), tomate (-4,85%) e até do café moído (-3,66%).
Em relação a comunicação, a queda foi sentida principalmente no aparelho telefônico (-1,53%). Já em transportes destacam-se o transporte por aplicativo (-2,71%), pneu (-2,06%) e combustíveis (-1,46%).
Ao Jornal de Brasília, o gerente da rede Vivendas no Distrito Federal, Walas Soares, salientou que a cesta básica foi a que mais influenciou a queda dos preços dos alimentos. “Arroz e óleo tiveram boas quedas. Também a parte de perecíveis, carnes, frangos e suínos tiveram quedas pontuais. Esses foram os que mais puxaram essa queda da inflação.”
“Um produto que puxou muito para baixo no mês passado foi o café. A média do café caiu muito, o café chegou a cair de preço quase 20%”, acrescenta Soares.
Em contrapartida, ele destaca que houve um aumento no feijão, mas a redução do arroz supriu a alta. “As indústrias como um todo não costumam aumentar rotineiramente os preços. Dependendo das categorias temos entre 1 e 2 repasses anuais, sendo assim o meio do ano não é um momento de repasses a não ser que seja algo muito específico, como uma perda de safra muito grande”, explica Soares.
O gerente enfatiza que a rede Vivendas no DF sentiu aumento na receita em média de 4,9% no mês de julho, por conta da queda do preço dos alimentos. “A expectativa é que a gente continue tendo um faturamento maior. É natural que a segunda quinzena do ano tenha um faturamento maior. Agosto naturalmente é um mês bom também pelo pós-férias.”
O cozinheiro Samuel Silva, 47 anos, costuma ir ao supermercado uma vez por semana e conta que percebeu uma redução em alguns preços dos alimentos. “Aumentou as carnes, mas balanceou muito no café, que abaixou bem e está ficando bom. O ovo também abaixou. Como trabalho com isso todo dia, pesquisamos sempre, vejo que está bacana, podemos dizer que estão balanceando legal os preços.”
A técnica de enfermagem Tatiana Camargo, 49, percebeu o aumento do feijão em julho, mas já viu uma redução agora em agosto. “As vezes aumenta um produto e abaixa outros. O arroz e o açúcar estão baratos. Em julho o feijão aumentou um pouco, mas já reduziu esse mês. Agora o leite, a manteiga, os laticínios que estão mais caros. Tem que ir pesquisando, se não fica difícil.”
Para a aposentada Joana Silva, 64, a redução não foi sentida na prática. “O preço depende do dia que vamos no supermercado e da rede também. Tem dia que achamos coisas mais em conta, mas no outro dia o preço já está diferente. A rede de supermercados em geral às vezes baixam em um produto e aumentam em outro.”
A aposentada enfatiza que o vilão dos preços altos estão sendo os produtos de limpeza e higiene, que, segundo ela, tem tempo que não há redução. Outra queixa de Joana é em relação aos cereais. “Alimentação de cereais eles colocam as vezes mais em conta, porém cai a qualidade dos produtos”, lamenta.
Altas do IPCA
Já a alta no IPCA em julho ficou nos grupos de despesas pessoais (0,65%), saúde e cuidados pessoais (0,39%) e artigos de residência (0,38%). Dentro do grupo de despesas pessoais, a alta foi influenciada pelos jogos de azar (11,17%) e fumo e cigarro (2,39%). Já em saúde e cuidados pessoais, os produtos e serviços que puxaram a inflação foram os produtos para barba (2,77%), produtos para higiene bucal (2,71%) e absorvente (2,67%). Nos artigos de residência, a alta está relacionada ao tapete (2,42%).
Inflação no país
Como em Brasília, a alta da inflação no país está ligada ao grupo despesas pessoais (0,76 %) que teve a segunda maior variação e impacto no mês de julho. O dado foi impulsionado pelo reajuste, a partir de 9 de julho, nos jogos de azar (11,17%).
Também como na capital federal a queda está relacionada aos grupos alimentação e bebidas (-0,27%) e vestuário (-0,54%). O grupo alimentação e bebidas ficou negativo pelo segundo mês consecutivo (em junho, a variação foi de -0,18%). A queda em julho foi puxada pela alimentação no domicílio (-0,69%), com destaque para batata-inglesa (-20,27%), cebola (-13,26%) e arroz (-2,89%).