Casa de Chá celebra um ano como símbolo de cultura, memória e sabores do Cerrado

Por Daniel Xavier
daniel.xavier@grupojbr.com

O céu de Brasília ganhou novos tons de memória nesta quinta-feira (26), quando a icônica Casa de Chá, localizada na Praça dos Três Poderes, celebrou seu primeiro ano desde a reabertura como espaço de convivência, cultura e gastronomia. O local, que integra o conjunto arquitetônico de Oscar Niemeyer, já recebeu mais de 150 mil visitantes e se firma como ponto de encontro entre o passado e o presente da capital federal.

Para marcar a data, uma programação especial foi organizada em parceria entre o Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial do Distrito Federal (Senac-DF), a Secretaria de Turismo e o Arquivo Público do Distrito Federal. Um dos destaques foi a estreia nacional de um documentário inédito, “Brasília 65 anos – Do Sonho ao Concreto: Heróis Anônimos”, com narração do ator Jackson Antunes, que reúne imagens raras da construção de Brasília entre 1957 e 1959 — período anterior à inauguração da cidade. As cenas foram resgatadas de películas mantidas pelo Arquivo Público do Distrito Federal (ArPDF) e digitalizadas com apoio da Academia Brasileira de Ciências, Artes, História e Literatura (Abrasci).

“Hoje é um dia memorável. A história reencontra a própria história”, afirmou o superintendente do Arquivo Público do DF, Adalberto Scigliano. “Brasília completa 65 anos, o Arquivo completa 40, e celebramos o primeiro ano da reabertura da Casa de Chá. Este é um momento que vai ficar no imaginário de todos.” Segundo ele, a descoberta das origens do edifício foi, por si só, um processo histórico: “A Casa de Chá nasce com o nome de Restaurante da Praça dos Três Poderes. A partir disso, conseguimos localizar plantas, documentos e fotos que agora compõem a exposição.”A mostra inaugurada nesta quinta ficará disponível até 10 de julho no próprio local, e, em seguida, circulará por cidades que também compõem a história da capital: Taguatinga, Gama e Planaltina.

Memória em movimento

casa de chá completa um ano como referência cultural e turística em brasília hélio de alencar júnior, arquivista do arpdf créditos daniel xavier jornal de brasília
Hélio de Alencar Júnior. Foto: Daniel Xavier/Jornal de Brasília

O documentário apresentado no evento é fruto de um esforço conjunto entre historiadores, arquivistas e técnicos da área audiovisual. Hélio de Alencar Júnior, arquivista do Arquivo Público, participou diretamente da curadoria e da seleção das imagens: “Essas películas nunca haviam sido vistas pelo público. Foram digitalizadas em São Paulo com direção do cineasta Whalter Neto. Para mim, como nascido e criado em Brasília, é emocionante ver cada monumento tomando forma em meio à terra vermelha. É o nosso passado, nosso patrimônio sendo preservado com paixão”.

Segundo ele, o processo envolveu o trabalho minucioso de diferentes equipes. “Historiadores identificaram momentos-chave, enquanto os arquivistas se dedicaram à conservação e à localização dos registros. A emoção de ver o Palácio do Planalto nascer, cena a cena, é indescritível”, revela.

Gastronomia, formação e patrimônio

casa de chá completa um ano como referência cultural e turística em brasília créditos daniel xavier jornal de brasília
Foto: Daniel Xavier/Jornal de Brasília

Mais do que um edifício histórico, a Casa de Chá também se transformou em um espaço educativo. O Senac-DF administra o restaurante-escola que hoje funciona no local, oferecendo formação em gastronomia e atendimento ao público com preços acessíveis. “Esse foi um presente que o Senac deu à cidade”, afirma o diretor regional da instituição, Vitor Corrêa. “Agora, no aniversário da reabertura, oferecemos mais dois: o documentário e a exposição. A Casa está aberta de quarta a domingo, das 10h30 às 19h30. É uma experiência completa — cultural, afetiva e culinária”.

A emoção de reviver a cidade

casa de chá completa um ano como referência cultural e turística em brasília rodrigo marques daniel xavier jornal de brasília
Rodrigo Marques. Foto: Daniel Xavier/Jornal de Brasília

Entre os visitantes que prestigiaram o evento, o sentimento era de pertencimento e orgulho. Rodrigo Marques, 53 anos, servidor público federal, nasceu e cresceu em Brasília. Para ele, a celebração é uma oportunidade de se reconectar com as raízes da cidade. “Ver imagens da construção da capital me enche de alegria. Brasília é um marco da interiorização do país, da industrialização. É emocionante acompanhar o passado e ver como essa cidade se tornou referência mundial em urbanismo”, comentou.

A programação cultural da Casa de Chá segue até o início de julho, com entrada gratuita para o público. O espaço, restaurado em 2023, mantém a essência original pensada por Niemeyer e se consolida como um dos principais pontos de convergência entre arquitetura, história e vida cotidiana na capital federal.

Compartilhe esse post :

Facebook
Twitter
LinkedIn
Pinterest

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Create a new perspective on life

Your Ads Here (365 x 270 area)
Últimas Notícias
Categories

Assine para receber notícias

Cadastre seu email e receba todos os dias as nossas notícias em primeira mão.

plugins premium WordPress