O ex-governador do Distrito Federal Rodrigo Rollemberg (PSB) assumiu, na última semana, a vaga de deputado federal, depois de decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), no lugar de Gilvan Máximo (Republicanos). Com atraso de dois anos e meio — tempo que o STF levou para definir a validade da lei da proporcionalidade eleitoral —, o socialista quer investir esforços na agenda verde e na retomada de pautas para o DF.
Ainda diante do curto tempo, ao Jornal de Brasília, Rollemberg criticou a gestão da saúde, garantiu apoio a Ricardo Cappelli, para o Palácio do Buriti, e previu uma divisão no campo da direita, especialmente na disputa pelo Senado.
JBr — Como foi sua atuação fora do Congresso Nacional?
Rollemberg — O fato de eu ter tido a oportunidade, e a isso eu agradeço muito ao vice-presidente Geraldo Alckmin de poder servir ao Brasil como secretário de Economia Verde, Descarbonização e Bioindústria, me aprofundando em uma agenda estratégica para o Brasil, me ajudou muito. É uma necessidade mundial, diante da emergência mundial climática, da necessidade de países e empresas se descarbonizar e ao mesmo tempo uma imensa oportunidade para o país, em função de algumas características que o Brasil tem, pela grande disponibilidade de energia limpa, produção de biomassa, abundância de água, entre outras. Além de termos boas relações diplomáticas com outros países, em um mundo com muita instabilidade política isso abre muitas oportunidades. Eu entendo que o Brasil tem grande oportunidade de liderar essa economia verde.
Nos dois primeiros anos de mandato, atuamos muito no Congresso Nacional, embora estivesse no Executivo, pois a grande agenda do setor produtivo é a regulamentação. Então, foi muito importante a nossa atuação na regulamentação no mercado de carbono, do hidrogênio, da offshores. Do ponto de vista parlamentar, agora eu tenho um grande desafio que é o da regulamentação. Como deputado, eu vou acompanhar o trabalho do governo federal e continuar avançando na agenda verde.
E como o senhor pretende atuar no pouco tempo que terá para exercer o mandato de deputado federal?
Vou procurar defender os interesses do Distrito Federal. Estamos passando por uma crise séria na saúde, pois esse governo abandonou a saúde, as pessoas estão literalmente morrendo nas portas dos hospitais sem atendimento e eu, como parlamentar, vou tentar contribuir para melhorar.
O senhor já esteve em diversos cargos na política, como vê a situação do Congresso Nacional e, ainda, como pretende viabilizar suas pautas?
Toda essa minha experiência eu pretendo usar no Congresso Nacional para construir consensos em favor do Brasil. Temos um país muito polarizado, dividido, com um Congresso muito radicalizado, e o que pretendo com minha experiência e capacidade de diálogo é derrubar muros e construir pontes, para levar a um melhor cenário e ambiente de investimentos para que o Brasil possa aproveitar todas essas oportunidades que acabei de mencionar.
E o senhor pensa em se candidatar novamente ao governo?
Aqui no Distrito Federal nós já temos um candidato ao governo que é o Ricardo Cappelli. Creio que ele é o melhor nome para enfrentar o Ibaneis, que tem feito a oposição mais destacada ao governo e entendo que é o que tem o maior potencial de ganhar as eleições e unificar todo o campo progressista.
O senhor reeditaria, nas urnas, a rivalidade com a vice-governadora Celina Leão (PP), como ocorreu em seu governo?
Nós somos oposição ao governo Ibaneis e Celina por essas razões que eu levantei: a questão da corrupção, do abandono da saúde. A população do Distrito Federal está se sentindo abandonada. Agora, eu digo sempre que tudo que for bom para o DF terá o meu apoio, por isso vamos trabalhar fortemente para eleger o Ricardo Cappelli, pois é uma pessoa experiente, foi secretário estadual, municipal, secretário Nacional, interventor — durante o pós 8 de janeiro — que se saiu muito bem a frente da Segurança Pública. Está à frente de uma agência importante do governo federal e reúne todas as condições para ser um excelente governador.
Então, qual deverá ser seu futuro político nas eleições de 2026?
Eu serei candidato à reeleição para deputado federal. Sei que terei que trabalhar muito nesse um ano e meio, pois fiquei nos outros dois anos e meio afastado da cidade, pois estava tratando assuntos nacionais que me obrigavam a viajar muito. Vou me quadruplicar e fazer quatro anos em um ano e meio, mas pretendo me apresentar como candidato à reeleição.
E como o senhor vê o cenário eleitoral do DF para 2026?
A gente deveria, aqui no Distrito Federal, se concentrar nos principais nomes com uma boa chapa de deputados federais para que possamos fazer uma boa bancada. Eu prevejo uma divisão na direita, especialmente na disputa para o Senado, temos muitos nomes e muita ambição para poucas vagas. A Michelle Bolsonaro (PL) certamente será candidata, a Bia Kicis (PL), o Izalci [Lucas —PL] gostaria de ser candidato, o Ibaneis. Mas eu entendo que, em função disso tudo, há uma possibilidade de a direita se dividir.