Por Carliane Gomes
redacao@grupojbr.com
Em meio ao anúncio da paralisação dos professores da rede pública do Distrito Federal, marcada para segunda-feira (2), a secretária de Educação, Hélvia Paranaguá, defende que o Governo do Distrito Federal tem feito investimentos significativos na valorização da categoria e mantém diálogo aberto com a classe. Em entrevista ao Jornal de Brasília, ela detalhou as ações da pasta e reforçou que a greve não se justifica diante dos avanços conquistados. “Não havia necessidade de uma paralisação neste momento. A mesa de negociação com o sindicato sempre esteve aberta, inclusive com pautas de 2023 ainda em fase de implementação”, afirmou. Ela destacou, por exemplo, que a incorporação da Gratificação de Atividade Pedagógica (Gaped) só será finalizada no salário de janeiro de 2026.
Entre os pontos já atendidos pelo Governo do Distrito Federal (GDF), a secretaria cita o reajuste salarial linear de 18%, dividido em três parcelas, com a última prevista para julho deste ano, e a incorporação do auxílio-saúde ao salário base dos professores. Segundo Hélvia, foram garantidos também o pagamento da semana pedagógica para docentes temporários e a convocação de aprovados no concurso público realizado em 2023, incluindo cadastro reserva. Apesar disso, ela descartou a possibilidade de atender o pedido de reajuste salarial dos educadores. “Neste momento, o governo não pode atender novas demandas porque ainda está cumprindo o parcelamento anterior”, reforçou. De acordo com a secretária, as medidas de investimento na categoria representam um impacto anual de mais de R$ 2 bilhões na folha de pagamento da Educação no DF.
Prejuízos para o calendário escolar
A secretária alertou ainda para os prejuízos da paralisação aos alunos e ao funcionamento das escolas. Caso a greve se prolongue, o calendário letivo precisará ser reorganizado com aulas aos sábados e durante o recesso escolar. “O impacto é grande na vida do próprio professor, que está concluindo o primeiro semestre letivo e precisa do recesso de julho para descansar e recuperar as energias. Com a greve a partir de segunda-feira, quando ela terminar, será necessário montar um novo calendário que incluirá aulas aos sábados e durante o recesso”, explicou. Ela também chamou atenção para a aplicação do SAEB (Sistema de Avaliação da Educação Básica), exame nacional que mede o desempenho dos alunos e das redes de ensino. “Perde o professor, perde o estudante porque ele tem uma interrupção no processo de aprendizagem”, alertou.
Reivindicações e limitações orçamentárias
A principal reivindicação do Sindicato dos Professores (Sinpro-DF) é a recomposição das perdas salariais, estimadas em cerca de 19, 8%. De acordo com Hélvia, o governo entende a demanda, mas argumenta que não há espaço orçamentário para um novo reajuste. “Ainda estamos absorvendo o impacto do aumento de 18%”, disse. Sobre a nomeação de novos aprovados em concurso, a secretária informou que todas as vagas imediatas e o cadastro reserva já foram convocados. Um novo concurso foi autorizado, mas depende de trâmites junto à Secretaria de Economia. “Nesse momento, o governo não chama ninguém porque há um impedimento do Tribunal de Contas do DF, que proíbe aumento de despesas com pessoal”, completou.